ESTANCIAS
Vacía
de dioses, espero la noche para volverme polvo. Trémulo escondite,
no puedo irme de tus ojos. Me cubren los párpados de tu ira. Silente
y apagada, habito tus ranuras, repaso mi encierro en tus fronteras.
Fuera de ti, el viento cercena mis dedos, devora mis palabras y la
luz se vuelve ceniza. Fuera de ti soy transparente, liviana y
minúscula.
En
tu piel otoño. Luna seca me desmorono entre tus piernas. Tú
fecundas punto a punto mi garganta. Me brotas. Mi lengua se despeña
en tu espalda. En mi pecho acuno tu rostro, arrullo la tumba que
palpita en mi vientre. Nos abrazamos a una sola muerte.
ESTÂNCIAS
Vazia de deuses, espero a noite para me tornar pó. Trémulo
esconderijo, não consigo abandonar os teus olhos. Cobrem-me as
pálpebras da tua ira. Silente e apagada, habito as tuas fendas,
revejo o meu encerro nas tuas fronteiras. Fora de ti, o vento cerceia
os meus dedos, devora as minhas palavras e a luz torna-se cinza. Fora
de ti sou transparente, leve e minúscula.
Na tua pele outono. Lua seca desmorono-me entre as tuas pernas. Tu
fecundas ponto a ponto a minha garganta. Brotas-me. A minha língua
despenha-se nas tuas costas. No meu peito nino o teu rosto, arrulho a
campa que palpita no meu ventre. Abraçamo-nos a uma só morte.