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21 junho 2011

beatriz boca

repararnos, quizá / reparar-nos, quiçá

 
repararnos, quizá

No camino desnuda en las habitaciones de los hoteles de mis amantes.
No releo informes, ni los escribo.
No estoy firme y enfrentada a ningún hombre con escopeta.
Soy una mujer cosiendo,

(aunque se adivina mi torpeza en el tamaño del dedal y de la hebra)

soy ese gesto de reparar,
de juntar,
de empezar la puntada en ti y terminarla en mí.

Y repetir las puntadas.
Y repetir el daño.
Y repetir la sangre
mientras coso su nombre en la muñeca.
Y repetir el amor
mientras coso tu niña en la muñeca.
Y repetir el misterio.

No camino desnuda en mi habitación.
No soy mi amante, ni mi libre.
No soy mi valiente estos días.

Soy ese gesto de cosernos,
repararnos, quizá,
aunque se adivina mi torpeza en el cualquier modo,
mi torpeza en el cualquier hombre,
en el cualquier yo y todo
demasiado grande para mis manos.

  

reparar-nos, quiçá

Não ando nua pelos quartos de hotel dos meus amantes.
Não aprofundo os informes, nem os escrevo.
Não estou firme e frente-a-frente a um homem com espingarda.
Sou uma mulher a coser,

(embora se adivinhe o meu torpor no tamanho do dedal e do fio)

sou esse gesto de reparar,
de juntar,
de começar em ti o ponto e terminá-lo em mim.

E de repetir os pontos.
E repetir a picada.
E repetir o sangue
enquanto coso o seu nome na boneca.
E repetir o amor
enquanto coso a tua pupila na boneca.
E repetir o mistério.

Não ando nua pelo meu quarto
Não sou minha amante, nem o meu livrar.
Não sou o meu valente por estes dias.

Sou esse gesto de nos coser,
reparar-nos, quiçá,
embora se adivinhe o meu torpor em qualquer modo,
o meu torpor em qualquer homem,
em qualquer eu e tudo
demasiado grande para as minhas mãos.