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21 setembro 2009

claudia masin



la erosión

Llueve sobre dos mujeres de ocho años.
Se trama el destino en ese hilo de agua
que las recorta del paisaje y las salva de pertenecer a él.
Viven de la imprudencia de pensarse a sí mismas
en un sitio distante. En sus charlas Buenos Aires es exótica
a la par de Bangladesh. Van a irse, no esta tarde,
pero ya están advertidas de la crueldad de partir.
Eso las hace acercarse como dos refugiadas racionándose
el calor. Aún así -la parte por el todo- creen en la alegría
porque han pasado la tarde riendo juntas,
enamoradas la una de la otra y las dos de esa risa.
La futura espera de esas horas perdidas va a ser infinita.

A erosão

Chove em cima de duas mulheres de oito anos.
Trama-se o destino nesse fio de água
que as recorta da paisagem e dela as salva de lhe pertencerem.
Vivem da imprudência de se pensarem a si mesmas
num sítio distante. Nas suas conversas, Buenos Aires é tão exótica
como o Bangladesh. Partirão, não esta tarde,
mas já estão avisadas da crueldade de partir.
Isso fá-las aproximarem-se como duas refugiadas racionando
o calor. Mesmo assim – a parte pelo todo – acreditam na alegria
porque passaram a tarde juntas a rir,
enamoradas uma da outra e ambas do riso.
A futura espera dessas horas perdidas vai ser infinita.