Dibujar alas
con saliva en tu espalda
nunca fue mi intención
Sentarme estática
a contemplar
tus ojos en otoño
no fue un pasatiempo
sino una razón de sobrevivir
No encontramos
el mar en la acera,
ni confundí mis dedos
con raíces.
Pocas veces mi piel
sonrió al verte
y siempre suicidaste
mi sudor
Me sembraste noches
en las pupilas
supiste hacer
que permaneciera en mí
el invierno
Pudimos observar
como la gente caía
como lluvia
en mis espejos,
y nunca sentí
el ardor de la vida
Desenhar asas
com saliva nas tuas costas
nunca foi a minha intenção
Sentar-me extática
a contemplar
os teus olhos em Outono
não foi um passatempo
mas sim uma razão para sobreviver
Não encontramos
o mar nos passeios
nem confundi os meus dedos
com raízes
poucas vezes a minha pele
sorriu ao ver-te
e sempre suicidaste
o meu suor
semeaste-me noites
nas pupilas
soubeste fazer
com que permanecesse em mim
o inverno
Pudemos observar
como a gente caía
como chuva
nos meus espelhos,
e nunca senti
o ardor da vida