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04 janeiro 2013

victoria guerrero



Hoy le corté el pelo a mi hermana
Su cabello caía como grandes lágrimas sobre el zócalo frío
Lo barrí y lo tiré a la basura
Tanto pelo muerto cubría mis sueños
Soñé un día con el pelo muerto                               Otra vez unía sus hebras
Cada una se juntaba y me demandaba respuestas a mi triste hazaña
Yo permanecía muda-quieta
El pelo muerto insistía: ¿Estás allí? ¿Por qué me mutilaste?
Recogía el cabello y el rostro de mi hermana aparecía flotando a la distancia
¿Por qué arrojaste mis cabellos a la bolsa de basura?
La cabellera me exigía alimento también agua abundante agua
Pero mis manos estaban cosidas                             No podía dar de beber
Mis piernas no daban un brinco                               No podía buscar
Y mis senos estaban secos                         No podía dar de lactar
Yo estaba más tiesa que aquel pelo muerto que corté
O yo estaba más muerta o quizá ya había muerto y no lo sabía
Mi hermana sintió piedad de mí de mi silencio
Calmó a la cabellera
Le habló con voz dulce como si fuera una hija pequeña
Le exigió que descansara            que durmiera en mi sueño
En suma              que no jodiera
Después de todo qué es una madre si no dice estas cosas
Yo he de aprender por ella lo que hace una madre
Yo he de imitar a mi hermana para poder ser su madre
¿Soy la madre o imito a la madre?
Quizá solo ejerzo la maternidad como un remedo casi un chiste
Pues no tengo ningún hijo que legitime mi condición de parturienta
¿Qué hacer?
Todo lo que escribo se reduce a dos o tres palabras
Madre Hija Hermana
Es una trilogía no prevista por el Psicoanálisis
Mi hermana-hija
Mi hija-hermana
Aparece en mis sueños
Es real y me mira con ojos lastimeros:
¿Por qué botaste mis cabellos al tacho de basura?
 

Hoje cortei o cabelo a minha irmã
caía-lhe como grandes lágrimas sobre o pedestal frio
Varri-o e deitei-o ao lixo
Tantos cabelos me cobriam os sonhos
Sonhei uma vez com os cabelos mortos    De outra vez estava a unir as pontas
Cada uma se chegava e me pedia respostas para a minha triste façanha
Eu permanecia muda-quieta.       
O cabelo morto insistia: Estás aí? Porque me mutilaste?
Recolhia os cabelos e o rosto da minha irmã aparecia flutuando na distância
Porque atiraste os meus cabelos para o caixote do lixo?
A cabeleira exigia-me alimento também água abundante água
Mas as minhas mãos estavam cosidas        Não conseguia dar de beber
As minhas pernas não se mexiam     Não conseguia procurar
E os meus seios estavam secos      Não conseguia dar de mamar
Estava mais rígida do que os cabelos mortos que tinha cortado
Ou estaria eu mais morta ou talvez já tinha morrido e disso não tinha consciência
A minha irmã sentiu piedade de mim e do meu silêncio
Apaziguou a cabeleira
Falou-lhe com voz doce como se fora uma filha pequena
Obrigou-a a descansar     que dormisse no meu sono      
Em suma              que não chateasse
Ao fim e ao cabo, o que é uma mãe se não disser estas coisas?
Tenho de aprender por ela o que faz uma mãe
Tenho de imitar a minha irmã para poder ser sua mãe
Sou a mãe ou imito a mãe?
Acontece que não tenho nenhum filho que legitime a minha condição de parturiente
Que fazer?
Tudo o que escrevo se reduz a duas ou três palavras
Mãe Filha Irmã
É uma trilogia não prevista pela Psicanálise
A minha irmã-filha
A minha filha-irmã
Acontece nos meus sonhos
É real e mira-me com olhos lastimosos
Porque atiraste os meus cabelos para o caixote do lixo?